Entenda o surto de caxumba que vem acometendo os adultos em São Paulo


O número de casos de caxumba registrado no mês de novembro no Estado de São Paulo já é o maior desde que 2001, segundo balanço do Centro de Vigilância Epidemiológica (CVE) da Secretaria Estadual da Saúde. A maior parte dos casos tem sido registrada em adolescentes a adultos até os 30 anos. Mas afinal, porque esse surto está ocorrendo? E sobretudo, porque a incidência é alta entre os adultos?

“O surto ocorre em função do processo de vacinação, que é associado como algo necessário apenas às crianças. É equívoco pensar assim”, afirma Dr. Jessé Reis, infectologista do Alta Excelência Diagnóstica.

Segundo o médico, quando uma criança é vacinada corretamente, leva, geralmente, a proteção adquirida pela vacinação para a vida adulta. No entanto, quando há alguma falha de vacinação na infância, temos por conseguinte adolescentes e adultos desprotegidos, sendo que esses não se dão conta do perigo porque entendem que ‘vacinação é coisa de criança’. “Ainda, há vacinas que requerem reforços periódicos durante toda a vida, como é o caso, por exemplo, da vacina contra a Difteria e Tétano”, ele explica.

Também temos que considerar que os calendários de vacinação foram se alterando com o passar dos anos. Algumas vacinas foram introduzidas no calendário ou tiveram o número de doses alteradas, fazendo com que muitos adultos e adolescentes não tenham sido contemplados com essa vacinação durante sua infância, chegando à adolescência e fase adulta sem as devidas proteções.

A vacinação contra o Sarampo, Caxumba e Rubéola. Introduzida no calendário de vacinação no início da década de 90, ela era realizada com apenas uma dose e, somente em 2004, foi introduzida a segunda dose da vacina. “Hoje, sabemos que para que uma pessoa possa se considerar efetivamente protegida, são necessárias duas doses dessa vacina a partir de 12 meses de idade”, diz Dr. Jessé.

Sendo assim, é possível entender porque muitos adolescentes e adultos jovens não estão completamente imunizados contra essas doenças: ou porque não foram vacinados, ou foram com apenas uma dose. Ou ainda perderam suas proteções durante o passar dos anos, fato que não é comum com a vacina tríplice viral. “Desta forma temos um contingente de não protegidos que se acumulou com o passar dos anos e que não foram expostos aos vírus selvagens, exatamente por estarem vivendo em ambientes de baixa circulação desses vírus, em função de altas coberturas vacinais”. Quando esses jovens se expõem a ambientes onde não há boas coberturas vacinais e esses vírus estão circulando mais amplamente acontecem os surtos dessas doenças, como vêm ocorrendo recentemente na Europa e EUA.

No Brasil, o sarampo passou por vários momentos de controle e recorrência de surtos, antes de ser considerado sob controle, por organismos internacionais. Se permanecermos assim, até dezembro, receberemos o certificado de eliminação do sarampo pela OMS (Organização Mundial de Saúde). Porém, para que isso ocorra, devemos nos manter alertas e com as carteiras de vacina atualizadas. Tanto o sarampo quanto a caxumba podem ser evitados com a mesma vacina: tríplice viral, que contém partículas dos vírus da caxumba, rubéola e sarampo.

Sobre a Caxumba: é uma doença viral de transmissão respiratório através de contato direto ou secreções da pessoa doente, com período de incubação de 12 a 25 dias e de transmissão de 2 dias antes do aparecimento da Parotidite até 9 dias depois. Suas complicações são: meningite, surdez, e inflamação nos ovários (ooforite) ou testículos (orquite).

Como os adolescentes e adultos jovens devem se comportar?
Todos os adolescentes e adultos devem ter recebido duas doses da vacina tríplice viral durante a vida, após os 12 meses de idade. Todos aqueles que não as receberam devem buscar a vacinação, pois são considerados protegidos aqueles que receberam pelo menos duas doses da vacina durante a vida. Maiores de 50 anos, por terem passado por períodos de alta incidência da doença no Brasil, podem se considerar protegidos com apenas uma dose da vacina.


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