Setembro Amarelo - Escolas ensinam a lidar com as emoções e atuam na prevenção ao suicídio


Programa desenvolvido por médico psiquiatra e educador está sendo aplicado em escolas brasileiras. Segundo Mapa da Violência, casos entre crianças e adolescentes vêm aumentando
Dez de setembro é o Dia Mundial de Prevenção do Suicídio. Por esta razão, desde 2014, setembro foi escolhido como o mês da conscientização sobre a importância da prevenção do suicídio, na campanha batizada de “Setembro Amarelo”.
A quantidade de pessoas que tiram a própria vida está crescendo ao longo dos anos em todo o Brasil. De acordo com o Ministério da Saúde, diariamente, 32 brasileiros tiram a própria vida, e a proporção de jovens nesse índice vem crescendo aceleradamente.
Dados do Mapa da Violência de 2014 revelam que no Brasil, entre 2002 e 2012, a taxa de suicídio de crianças e adolescentes entre 10 e 14 anos aumentou em 40%, enquanto entre jovens entre 15 e 19 anos o índice cresceu 33%.  
Para o médico psiquiatra e educador Celso Lopes de Souza, fundador do Programa Semente, o combate e a prevenção a um problema que já é considerado de saúde pública no Brasil deve começar desde cedo, ainda na sala de aula. Junto com um grupo de educadores e com base no Casel, principal centro de estudos da aprendizagem socioemocional do mundo, ele fundou o Programa Semente, metodologia que está sendo aplicada em escolas brasileiras e ensina os alunos a lidarem com os próprios sentimentos, como ansiedade, medo e tristeza, por exemplo.
O Casel reuniu em 2011 diversos pesquisadores ao redor do mundo para avaliar o impacto de programas de habilidades socioemocionais na vida de 270 mil estudantes. Os resultados de boas práticas incidiram não só na diminuição do surgimento de transtornos psiquiátricos, como também, na melhora em média de 11% no desempenho acadêmico.
Numa aula sobre autoconhecimento e autocontrole do Programa Semente, por exemplo, o aluno é incentivado a refletir sobre suas emoções e se conhecer melhor. De forma estruturada, o programa trabalha os cinco domínios: autoconhecimento, autocontrole, empatia, tomada de decisões responsáveis e habilidades sociais. O controle da ansiedade, por exemplo, é fomentado com estratégias que auxiliam os estudantes a enfrentarem situações, procurando reconhecer os desafios e as capacidades de forma realista e sem distorções.
“Saber reconhecer emoções, relacionando-as com os pensamentos que as geram e entendendo como tudo isso influencia o comportamento permite que cada um compreenda melhor as próprias limitações e conheça suas fortalezas, o que aumenta a confiança, o otimismo e a autoestima”, afirma Celso.
Para isso, o programa ensina ao aluno estratégias para identificar e questionar os pensamentos, especialmente quando as emoções não estão contribuindo para o enfrentamento das situações.
Um exemplo do que acontece nas aulas é a indicação e prática do acrônimo IDEA: A - Identifique os pensamentos que estão ocorrendo no momento da ansiedade intensa; D – Desafie os pensamentos com perguntas simples: “Posso estar exagerando? ” “Há outras possibilidades para interpretar essa situação? ”; E – Encontre novas formas de pensar e A – Assuma um novo comportamento.
“É o que chamamos de flexibilização cognitiva, muito eficaz para evitarmos armadilhas em momentos em que enxergamos a realidade de modo distorcido, o que pode levar a erros de interpretação”, explica. Pessoas que estão com pensamento de morte costumam apresentar uma rigidez cognitiva caracterizada por enxergar o sofrimento como insuportável, impossível e interminável. “A capacidade de flexibilizar esses pensamentos pode ser decisiva para o enfrentamento dessas fases, que apesar de parecerem impossíveis de serem superadas, asseguradamente passarão”, afirma.
Para Celso, as competências socioemocionais, se trabalhadas com êxito nas escolas, e também em casa, terão um impacto positivo enorme no desenvolvimento das crianças e dos adolescentes.  Do mesmo jeito que ensinamos as crianças a nadar e andar de bicicleta, devemos ensiná-las a lidar com suas emoções”, conclui.

Sobre o Programa Semente (
www.programasemente.com.br– Com uma abordagem moderna e inovadora, o Programa Semente está presente em escolas brasileiras contribuindo para o desenvolvimento socioemocional de alunos e educadores. A partir de um material escrito por educadores, médicos e psicólogos, sua metodologia possibilita que sejam trabalhadas em sala de aula questões como sociabilidade, autoconhecimento, autocontrole, empatia e decisões responsáveis, entre outras habilidades, cada vez mais presentes no mundo do trabalho e nas principais avaliações internacionais de educação, como o PISA. Desta forma, o Programa Semente contribui para a alfabetização emocional

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